domingo, dezembro 24, 2006

Carta ao Pai Natal (Uma Realidade Diferente)

"Senhor Pai Natal
Como diz o meu amigo que mora na torre em frente à minha barraca do bairro de lata onde vivo
quero pedir-te que transmitas lá no céu como vou passar o Natal com a minha mãe.
Tenho dez anos e nunca tive um brinquedo a não ser daqueles que nós fazemos com arame, carros com rodas e tudo, e volante. Desde que cheguei de Cabo Verde que moro aqui nesta casa de madeira sem luz, sem água e só a Lua acende as ruas estreitas, tão estreitas que chego a bater nas casas com os cotovelos.
Nunca fui à escola e não sei ler nem escrever por isso pedi ao meu amigo menino para fazer uma carta. É tão estranho, a caneta dele desliza sinais no papel das coisas que eu digo que é difícil acreditar que as minhas palavras ali estão.
Às vezes espreito pela grade da escola que fica ali perto e vou ver os meninos no recreio a brincar quando a minha mãe diz para ir comprar pão (...)
Senhor Pai Natal, eu só queria... olha, já disse que não quero brinquedos, não me importo mas diz a Deus para dar um homem à minha mãe; ela queixa-se muito, passa a vida a dizer que
a casa precisa é de um homem, principalmente quando o meu irmão de dezoito se pica nos braços e fica para ali parece um morto mas quando acorda começa a partir as coisas que restam. (...)
Ah, sabes, neste bairro que não é bairro não vem a camioneta buscar o lixo o carro que vem é a carroça dos cães para os levar não fazem mal a ninguém mas eles dizem que são vadios os cães têm dono mas eles não querem saber (...) Vem também um senhor padre dizer para irmos à missa rezar mas a minha mãe e eu não temos tempo é preciso ir buscar água a uma torneira que uma senhora pôs no quintal para a gente. É quando vou à água que eu vou brincar para a lixeira
e às vezes trago uma lanterna velha, um secador(...)
Vou dizer ao meu amigo para ler esta carta em voz alta para saber se ele não se esqueceu de alguma coisa até porque a minha mãe está a chamar-me para pôr uma bacia a apanhar a água que está a cair em cima da cama. está a chover muito e é sempre assim (...)
Agora lembrei-me: tu que és o Pai Natal, o mensageiro de Deus e portanto sabes onde está tudo porque vais dar as prendas a toda a gente quando passares por cima da minha casa com o teu
carro de madeira (...),no dia de Natal faz-me só um sinal um sinal só para mim,(...)
e não te esqueças: lembra-te da minha mãe."

Autor anónimo

domingo, dezembro 03, 2006


"Eu já não sei se sei o que é sentir...Pensei que se falasse era fácil de entender...Talvez por não saber falar de cor...imaginei...(...) É o amor..."
Uhm...não é fácil...nem falar, nem entender...tudo é complicado desde a comunicação às pessoas..(o que no fundo está interligado) Gostava de tirar um curso (se existisse!!!) de "Engenharia da Descomplicação" era útil para aplicar em mim e nos outros...lol Posted by Picasa

Não é fácil entender pelo que parece...