domingo, setembro 23, 2007

"Romance Ingénuo De Duas Linhas Paralelas"

Fui na quarta-feira a uma das sessões de poesia que dão lugar na Biblioteca de Cascais há já dois anos. A minha presença tem sido irregular, contudo quando vou sinto uma brisa de poesia inundar-me a alma, e mesmo que não recite ouço a voz e as entrelinhas de cada palavra.
Desta vez o tema foi o grandioso José Fanha, e o poema que mais apreendeu a minha atenção foi sem dúvida o "Romance Ingénuo de Duas Linhas Paralelas"! Por este motivo vou deixar aqui o poema para que possam apreciar a mensagem:




"Duas linhas paralelas
muito paralelamente
iam passando
entre estrelas
fazendo o que estava escrito:
caminhando eternamentede
infinito a infinito.

Seguiam-se passo a passo
exactas e sempre a par
pois só num ponto do espaço
que ninguém sabe onde é
se podiam encontrar
falar e tomar café.
Mas farta de andar sozinha
uma delas certo dia
voltou-se para a outra linha
sorriu-lhe e disse-lhe assim:
"Deixa lá a geometria
e anda aqui para o pé de mim...!
Diz a outra: "Nem pensar!
mas que falta de respeito!
se quisermos lá chegar
temos de ir devagarinho
andando sempre a direito
cada qual no seu caminho!"

Não se dando por achada
fica na sua a primeira
e sorrindo amalandrada
pela calada, sem um grito
deita a mãozinha matreira
puxa para si o infinito.

E com ele ali à frente
as duas a murmurar
olharam-se docemente
e sem fazerem perguntas
puseram-se a namorar
seguiram as duas juntas.

Assim nestas poucas linhas
fica uma estória banal
com linhas e entrelinhas
e uma moral convergente:
o infinito afinal
fica aqui ao pé da gente. "

Autoria de José Fanha


segunda-feira, setembro 17, 2007

De regresso

Olá a todos! Já faz algum tempo que aqui não venho como, aliás, acontece sempre no período de férias.


Confesso que me tem apetecido escrever, mas a inspiração nem sempre surge. Ontem enchi-me de vontade, mas ao ler as maravilhosas palavras da minha amiga Ana Maria redigidas no "LUME" e como sempre, com extrema correcção, sensibilidade e sabedoria, desisti. É verdade, a minha alma ficou estupefacta e qualquer palavra que escrevesse parcer-me-ia absurda.


Hoje já ganhei algum fôlego ;) . Começo, então, por comentar a mudança de visual do blog. Resolvi transformar "a folha", escura e triste, numa verde e laranja, com o intuito de alegrar e aquecer o "inverno" (Outono) que se avizinha. Parece-me que esta mudança agradou, pois já recebi o comentário favorável do P. Rui A., obrigada!


Hoje começou o período lectivo, e com ele as aulas que todos ansiávamos!...ou não!Forcei-me a acordar bem-disposta apesar do repreensível tempo cinzento que tanto me desagrada. Na faculdade o "borbulhar" de emoções e o perfume a regresso preencheram os corredores. Senti o peso da responsabilidade por melhorar o meu desempenho. Pude antever algumas mudanças, contudo acredito que tudo correrá pelo melhor.


Estava agora a acabar de ler o jornal e, como em todos os dias, semanas, e meses antecedentes havia referência ao caso dos McCann! Realmente este caso é, sem dúvida, um fenómeno de "massas" e pelo que consta conseguiu a proeza de atingir, com a foto da menina, o segundo lugar no «ranking» de fotos mais vistas em todo o mundo, atrás das fotos da princesa Diana.


É óbvio que é um caso que preocupa, que revolta, que nos enche de dúvidas, inquietações, suspeitas. É óbvio que se trata de um desaparecimento e possível (ou certa?) morte de uma criança. A todos nós, "treinadores de bancada" só resta esperar pelos resultados das investigações, porém assistimos a especulações constantes. Tudo isto é verdade, e muito mais. Contudo, se me é permitido também vou fazer um comentário, não à forma como os McCann tratam a polícia portuguesa e os jornalistas portugueses, não como o casal tem sido alvo de críticas duras, mas à triste discrepância entre este caso e os anteriores.


É muito triste...no jornal até vem o apoio de um milionário inglês para a defessa dos McCann...e os meninos portugueses? Atenção! estamos em Portugal, os outros casos eram exclusivamente portugueses e, como tal, deviam ser objecto de todo o interesse e mobilização. Mas não. Não foi isso que aconteceu, não foi esse o caso, porque não eram ingleses, porque não tinham muito dinheiro nem poder, porque não havia esta espécie de guerra entre a imprensa inglesa e a portuguesa, e interesses políticos. É profundamente triste...