domingo, outubro 12, 2008

Quem me enche o coração

(Numa casa que também é um pouco minha...)

Tanta voz que me fala, tantos corações que precisam de carinho e atenção, tantas mãos que precisam de ser incentivadas a construir castelos a partir de sonhos bons. Tantos olhos ávidos de ternurna procuram aconchego ora afastando ora aproximando quem se interessa. "Como é que é a tua casa?" "De que cor é?" "Tu vives lá com o teu marido ou com o teu pai? ou mãe?" Um misto de curiosidade, sonho e projecção, um misto de perguntas e respostas que ocupam estes pequeninos fortes seres humanos.

Mas existe a revolta, a incompreensão, a dúvida, a vontade de justiça, a força também pelas próprias mãos, que dizem: "Quando for grande quero ser polícia!", "Porquê?", "Para matar e bater nos outros!"... "Porque não queres ser bombeiro, jogador de futebol, trabalhar numa empresa?" "Não!quero ser polícia! E quando se fala em polícia estremecem, os olhos nem pestanejam, o medo e as perguntas surgem.

Privados de uma casa como tantas outras têm carinho no colo de quem todos os dias partilha a vida trabalhando ou dando um pouco de si (nada difícil!) a crianças que nada fizeram para merecer o berço que lhes foi dado. Mas vão crescendo e aqui têm o apoio, acompanhamento e educação de que necessitam para um dia poderem escolher e ter uma nova vida, desenhada por si, nos jardins do mundo
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Raquel M.

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